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Oscar Niemeyer e o Sambódromo do Rio

Todos os anos milhares de turistas chegam à capital do Carnaval preparados para sentir uma explosão de emoções. O Sambódromo do Rio é referência internacional da folia do Carnaval

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Milhões de pessoas são contagiadas pela alegria do carnaval mais famoso do mundo. A história do carnaval brasileiro remonta à história do próprio Brasil. 

No início do século XVII, ele chegou de Portugal sob o nome de "entrudo", e trazia uma influência das comemorações que aconteciam na Europa para celebrar os últimos dias antes da Quaresma. Na comemoração as pessoas jogavam entre si farinha, água e mais tarde serpentinas de papel e confetes.

Depois surgiram os bailes de carnaval de salão no Rio de Janeiro, e as músicas deixavam a festa ainda mais animada. Em 1928 foi fundada a primeira escola de samba, a Deixa Falar, que deu origem a Estácio de Sá. 

As pessoas se fantasiavam e também decoravam seus carros para passear pela cidade. Um movimento contagiante e cheio de alegria que cresceu. Novas escolas de samba se formaram, os desfiles desenvolveram-se e passaram a ser mais organizados. Já na década de 1960, o carnaval passou a representar uma importante atividade econômica para a cidade.

Oscar Niemeyer e o Sambódromo do Rio
Oscar Niemeyer e o Sambódromo do Rio

A realização do Sambódromo
Na década de 1980, o Rio de Janeiro ganhou um espaço único para realizar a grande festa do carnaval.

O então governador do Rio de janeiro, Leonel Brizola, havia sido eleito em 1982 e precisava consolidar um enorme desafio de projetos sociais e educacionais na cidade. Seu vice, o antropólogo Darcy Ribeiro, era bastante próximo do grande pioneiro da arquitetura brasileira moderna, o arquiteto Oscar Niemeyer, famoso por construir obras-primas e monumentos com um estilo arquitetônico moderno, inovador, corajoso e harmonioso.

Niemeyer projetou uma passarela com uma rua central de desfile e seis blocos de arquibancadas suspensas, separadas individualmente por uma distância de 30 metros. Toda a área do pavimento térreo, embaixo dos camarotes, permaneceria livre. Nesse espaço, foram projetadas salas de aula, onde atualmente funcionam cinco escolas que possuem juntas 1.050 alunos matriculados, segundo a prefeitura do Rio.

Uma combinação perfeita para propósitos culturais e sociais.

“Tudo isso vai conferir ao empreendimento um caráter humano e cultural inesperado, qualificando-o como um dos mais importantes centros de cultura do país”, segundo o próprio Oscar Niemeyer.

Inaugurado em 1984, o Sambódromo marcou o início dos desfiles das escolas de samba em sua estrutura de grupos de competição e apresentação em duas noites. Popularmente é chamado de passarela do samba, mas foi Darcy quem batizou o local de Sambódromo, unindo as palavras “samba” e “dromo”, que vem do grego “lugar para correr”. O “Lugar do Samba” estava oficialmente cravado no coração do Rio de Janeiro.

O projeto trouxe ao Carnaval uma área urbana permanente para a exibição do desfile das escolas de samba. Na arena, cerca de 60 mil pessoas podiam se deliciar com o espetáculo nessa uma atmosfera única. Hoje, após algumas reformas, o número de espectadores chega a 72.500 pessoas.

Antes da construção, alguns locais foram considerados para abrigar o projeto dos desfiles, como o Autódromo de Jacarepaguá e o anel inferior do estádio do Maracanã. Mas buscava-se por uma localização especial e que já tivesse alguma conexão com o samba. Em 1976, algumas arquibancadas eram montadas na Avenida Presidente Vargas para acompanhar os desfiles das escolas, e depois se transferiram para a Rua Marquês de Sapucaí. Não poderia ser um local melhor, considerando a história já presente no local.

A estrutura do Sambódromo é feita em peças pré-moldadas de concreto, aparentemente frio, sem brilho e incontroverso, no entanto, oferece aos desfiles uma atmosfera gigantesca, que é por si só colorida. Ele começa na Avenida Presidente Vargas, tem um percurso de 700 metros de comprimento por 13 metros de largura e, ao final, as arquibancadas se abrem e dão espaço a uma grande praça, ornamentada com um imenso e memorável arco de concreto, a Praça da Apoteose. 

A ideia da Praça da Apoteose era criar um espaço de confraternização no final da passarela, onde termina o desfile das escolas de samba e os participantes poderiam refletir toda a alegria do desfile de uma festa monumental e gloriosa.

Lugares disponíveis
Para assistir ao espetáculo o público pode escolher entre um dos 13 setores numerados. E existem 5 opções de acentos:

- Arquibancada: Ingressos mais comuns, ficam na parte mais alta e proporcionam uma visão aérea o desfile.

- Cadeiras numeradas: ficam próximas da Apoteose.

- Frisas: são as cadeiras que ficam próximas a passarela. Têm capacidade para até 6 pessoas e são bastante procuradas por quem irá ver o desfile pela primeira vez e busca conforto e uma boa visão.

- Frisas cobertas: só estão disponíveis no Setor 7 e ficam logo abaixo dos camarotes. Cada uma tem capacidade para até 12 pessoas.

- Camarotes: os camarotes estão ao longo da passarela, logo abaixo das arquibancadas e acima das frisas. Normalmente oferecem serviços de buffet e open bar.

Atividades no ambiente
A construção abriu oportunidade para a atividade popular, seja ela a instalação de centro de saúde, creches, ateliers, até a abertura pra feiras livre e de artesanato. Um verdadeiro ponto de eventos sociais e culturais da cidade.

A Praça da Apoteose também já foi palco de grandes shows nacionais e internacionais como Eric Clapton, Bon Jovi, David Bowie, as lendárias bandas Supertramp, Rolling Stones, Sex Pistols, e também festivais de música, como o antigo Hollywood Rock, exibições de motociclismo e cultos evangélicos.

Os bairros no entorno também cresceram com a grande circulação de pessoas, e oferecem excelentes opções de hotéis e restaurantes. Para chegar no Sambódromo, a melhor opção de acesso é pelo metrô, descendo na estação Estácio, ou ainda de taxi.

O Sambódromo passou por algumas reformas para atender as exigências dos Jogos Olímpicos do Rio 2016. A passarela do samba sediou a competição de tiro com arco e também a largada e chegada da maratona. Essas competições exigiram que a passarela passasse por algumas adaptações ao longo de 2011 e 2012, o que incluiu a demolição de alguns camarotes. 

Após as modificações, as arquibancadas da passarela passaram a ser simétricas entre seus dois lados, o que não era possível no momento da construção, pois havia um prédio ao lado da passarela, que também foi demolido para as obras da Olímpiada. Somente após essa reforma que o projeto original de Oscar Niemeyer pode finalmente ser concluído.

Um dos principais pontos turísticos do Rio
É possível visitar o Sambódromo gratuitamente durante o dia fora do período de Carnaval. A partir do mês de dezembro, acontecem os ensaios técnicos das escolas de Samba à noite, durante os finais de semana.

Para quem não pode ir durante o carnaval e quer se aproximar dessa emoção vivida nos desfiles da Sapucaí, uma dica é visitar o Museu do Samba, que fica dentro do Centro Cultural Cartola. Ele guarda toda a memória do samba como patrimônio cultural e preserva as suas matrizes. Ali se encontram exposições itinerantes e permanentes, e é possível participar de oficinas ou projetos de cultura relacionados com o samba. Os visitantes veem de perto as fantasias incríveis que fizeram parte da história dos desfiles do Sambódromo e ainda podem fazer fotos vestidos de foliões.