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Se o carro elétrico falasse

A história dos veículos eletrificados contada por um deles

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Quem me vê como um carro moderno e luxuoso hoje em dia não tem ideia de que os meus antepassados já estavam por aí há muito tempo, desde os anos 1800. Inventores da Hungria, dos Países Baixos e dos Estados Unidos já pensavam em como seria um veículo movido a bateria, mas foi o inglês Robert Anderson quem realmente fez um protótipo naquela época.

Mas ainda tinha um longo caminho até que a minha família se espalhasse pelo mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, foi só em 1890 que o químico William Morrison criou um veículo eletrificado para seis pessoas. O problema era a velocidade: ele chegava a 22 quilômetros por hora. Mesmo assim foi o suficiente para despertar o interesse por nós, tanto que anos depois a cidade de Nova Iorque chegou a ter mais de 60 táxis elétricos.

Nós somos silenciosos, fáceis de dirigir e não emitimos poluentesentão é claro que muita gente começou a cobiçar os meus antepassados. Até o Ferdinand Porsche, fundador daquela empresa de carros esportivos, desenvolveu em 1898 o carro elétrico P1, além do primeiro veículo híbrido.

O Thomas Edison, que inventou desde a lâmpada incandescente até a embalagem a vácuo, também trabalhou para construir uma bateria para carros elétricos. E junto com o Henry Ford ainda pesquisou opções para criar um veículo eletrificado de baixo custo em 1914. Pena que a produção em massa do Ford T, que era bem mais barato, atrapalhou os planos e não foi dessa vez que a minha família se popularizou de vez.

A descoberta de reservas de petróleo em larga escala fez com que o combustível ficasse mais barato e fácil de encontrar. Isso também foi um obstáculo para os negócios e, com o passar do tempo, os veículos elétricos acabaram desaparecendo.

Carro elétrico brasileiro

Algumas tentativas foram feitas, mas foi só com a crise do petróleo nos anos 1970 que nós voltamos aos holofotes. Mas você pensa que foi só no exterior que os carros elétricos faziam parte dos sonhos das empresas? Pois saiba que no Brasil, mais precisamente na cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo, foi construída uma fábrica para montar carros elétricos.

O Salão do Automóvel de São Paulo de 1974 foi o palco para que a Gurgel apresentasse o Itaipu, o primeiro veículo elétrico da América Latina. Anos depois foi criado o E-400, o primeiro a ser produzido em série no Brasil, mas o peso por causa das baterias e a pouca autonomia fizeram com que o projeto não fosse em frente.

Os anos se passaram, as pesquisas sobre veículos eletrificados seguiram lentamente e só no fim do século XX nós voltamos a ser admirados como merecemos. Foi então que várias montadoras começaram a investir na produção de carros elétricos.

Nos últimos anos, as exigências ambientais e a ameaça do aquecimento global têm feito com que mais pessoas se interessem pelos carros eletrificados. No Brasil, mesmo em um ano desafiador como 2020, as vendas tiveram um aumento de 66,5% nos emplacamentos em relação a 2019, considerando a soma de automóveis elétricos e híbridos.

Me deixou feliz que o presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico, Adalberto Maluf, tenha dito que mais uma vez os eletrificados mostraram o seu potencial e que o consumidor brasileiro fez uma aposta clara nos veículos não poluentes e sustentáveis.

Com o aumento da demanda por carros elétricos, os preços tendem a ficar mais competitivos e cada vez mais pessoas vão se interessar por nós. A família dos eletrificados e o meio ambiente agradecem.