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Artista visual ganês Prince Gyasi fotografará o 50º Calendário Pirelli

O fotógrafo autodidata, que começou sua carreira fotografando com um smartphone e agora é um artista visual disputado, assume a publicação icônica

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O fotógrafo do Calendário Pirelli 2024 é o artista visual nascido e baseado em Gana Prince Gyasi, que alcançou a fama por causa de suas imagens vibrantes e poderosas, a maior parte delas retratando sua cidade natal de Accra.

O jovem de 28 anos, que ascendeu rapidamente à notoriedade global, utiliza cores ousadas e contrastes em sua arte. Suas imagens contam histórias visuais que capturam a atmosfera e a vivacidade de sua comunidade e de sua geração ao mesmo tempo em que desafiam as narrativas tradicionais sobre a África, o elitismo na arte e os ideais de beleza orientados ao ocidente.

Embora seus equipamentos atuais incluam câmeras de última geração, Gyasi começou a tirar fotos aos 16 anos usando um smartphone.

Contando histórias

"Eu aspirava me tornar um pintor abstrato, mas encontrei o amor ao criar artes com meu telefone", disse ele à CNN Style em 2019. "Eu não quero ser reconhecido como um fotógrafo, mas sim como um artista. A maioria das minhas imagens parece pinturas porque são obras de arte, não fotografias."

O trabalho de Gyasi é profundamente pessoal tanto no tema quanto no estilo. Ele prefere locais em sua cidade natal e já fotografou muitas de suas séries fotográficas em um distrito popular de Accra. Gyasi utiliza cores fortes e contraste marcante em suas imagens, muitas vezes colocando vermelhos vibrantes, azuis ou rosa lado a lado com as cores escuras, celebrando e destacando a beleza da pele negra africana ao mesmo tempo em que apresenta sua terra natal de maneira inspiradora e positiva.

"Continuarei contando as histórias das crianças em Jamestown e de Gana em geral", disse ele à CNN. "As pessoas precisam conhecer a cultura e nossa história."

As imagens de Gyasi celebram a infância, a paternidade, a maternidade e frequentemente se concentram na educação, ou na falta dela, enfatizando o papel vital que ela pode desempenhar para ajudar os menos privilegiados a escapar da pobreza.

"Como artista visual, acredito que preciso repintar a África para o mundo, tirando a negatividade das imagens e mostrando os aspectos positivos da África", afirma em seu site.

Imagens hiper-coloridas

A estética ousada de Gyasi convida os espectadores a uma realidade hiper-colorida e ao mundo singular da sinestesia.

Afetando cerca de 1 a 4 por cento das pessoas, a sinestesia cria uma interação não convencional entre os sentidos, de modo que alguém possa "saborear" uma forma ou "ouvir" uma cor. Para Gyasi, o fenômeno faz com que ele associe palavras a cores; por exemplo, quartas-feiras são como água-marinha para ele, por exemplo.

O artista considera seu trabalho como "uma terapia por meio das cores" e acredita que a cor pode ter um impacto positivo na saúde mental e na felicidade das pessoas.

Em 2017, Gyasi co-fundou a organização sem fins lucrativos Boxed Kids, que oferece oportunidades educacionais para crianças em Jamestown, um vilarejo de pescadores no qual sua mãe, Abena Serwaa Ophelia, nasceu. Como muitas crianças do distrito, a mãe de Prince deixou a escola cedo, antes de iniciar uma carreira bem-sucedida como cantora gospel e estilista de moda.

Em alta demanda

O trabalho impressionante e provocativo de Gyasi captura a elegância e a dinâmica vívida de sua cidade natal e de sua geração e o tornou um dos artistas mais requisitados da atualidade. Em 2021, a Artsy, a plataforma online de arte, relatou que as fotografias de Gyasi disponíveis no site tinham "o maior número de colecionadores interessados dentre todos os artistas na plataforma, superando nomes consagrados como David Hockney e George Condo".

O trabalho de Gyasi está presente em algumas das mais proeminentes coleções de arte contemporânea do mundo, incluindo as de Jean Pigozzi e da Fundação Pinault. Exposições recentes incluem uma mostra individual na edição de 2022 do festival internacional de fotografia Kyotographie, em Quioto, Japão, e exposições coletivas no Brasil e na França.

Em 2022, Olivier Rousteing e a marca Balmain escolheu Gyasi para revisitar o livro renomado "O Pequeno Príncipe". Toda fotografia foi feita em Accra com modelos locais e as crianças de Jamestown. O artista também colaborou com Converse, Virgil Abloh (para a Off-White) e lhe foi encomendada uma campanha mundial de outdoors e uma história sobre o gênero musical ganense «Hiplife» para a Apple. Prince fotografou Naomi Campbell para a capa da Madame Figaro em 2021 e a estrela da música nigeriana Burna Boy (2020) e Wiz Kid (2021) para a GQ dos Estados Unidos.

50ª edição

O Calendário Pirelli do próximo ano será a 50ª edição, seguindo o lançamento do original em 1964. A vez de Gyasi atrás das lentes chega após a fotógrafa de moda australiana Emma Summerton, que fotografou o Calendário de 2023 com o tema "Love Letters to the Muse", apresentando modelos como Cara Delevingne, Precious Lee e Adut Akech.

"Gyasi é o 40º fotógrafo a fotografar o Calendário e um dos mais jovens. Ele vem depois de outros fotógrafos, incluindo Norman Parkinson, Herb Ritts, Helmut Newton, Peter Beard, Mario Testino e Patrick Demarchelier. Cada artista aporta seu estilo próprio e sua assinatura para o Calendário, garantindo constante evolução e inovação. Agora, Gyasi está se juntando à lista de grandes nomes e é claro que ele imprimirá sua característica marca vibrante na edição de 2024."