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Felipe Massa, um coração brasileiro na Fórmula Um

Depois dos três primeiros Grande Prêmios do Campeonato Mundial de Fórmula Um, Roberto Boccafogli entrevista Felipe Massa, um dos pilotos ainda na ativa na F1® com maior senioridade

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Quais as sensações deste novo começo de temporada?
“Eu sou mais velho e tenho mais experiência. Trata-se de sempre aprender algo novo, também como continuar a lutar. Eu estou feliz de estar aqui: no final das contas, é o que eu sempre quis fazer na minha vida. Este é o meu décimo quarto campeonato mundial: é um prazer. Cada ano na Fórmula 1® tem coisas novas, há muito para aprender. Este ano, temos à disposição três compostos de pneus ao invés de dois. São desafios que te mantém jovem”.

Três compostos, no lugar de dois para cada corrida. O que mais mudará?
“Eu acho que isto influencie as estratégias. Nos treinos classificatórios, acontece que o pneu mais macio seja o mais utilizado, é normal. Mas, na corrida, as escolhas são mais delicadas, deve-se considerar mais variáveis: é muito interessante

O que a Williams mudou para voltar a ser competitiva como, por exemplo, no final da temporada 2014?
“Nós precisamos de maior carga aerodinâmica. Precisamos chegar a ser mais eficientes nas curvas lentas. Com mais aderência na curva, pode-se desfrutar melhor dos pneus, consegue-se obter mais durabilidade. Este é um ponto basilar para ser mais competitivo. Conhecemos os nossos pontos fracos, e é por isso que paramos logo o desenvolvimento do carro de 2015 para focarmo-nos no carro deste ano. Estamos muito positivos. 

Uma das acusações sobre a Fórmula 1® de hoje é que os carros são muito fáceis de dirigir. Um jovem chega e consegue ir logo muito forte. Em seus primeiros anos, isso não acontecia...
“Mas não! Isso não é verdade. Naquele tempo, claro, era mais difícil do ponto de vista físico. Dirigíamos carros mais leves, tínhamos o abastecimento na corrida: estávamos quase sempre no limite, como no treino classificatório. O estresse físico era muito elevado. Fatigava-se muito mais. Hoje as corridas são mais técnicas do que físicas. Precisa considerar os pneus, é um modo diferente de dirigir, mais agressivo. Mas falar que hoje é fácil...tem que experimentar para dizer isso!”.

Então, não é verdade que um jovem que passou muitas horas no simulador pode imediatamente andar muito forte?
“Eu acho que não. Se uma pessoa tem talento, pode ser rápido no treino classificatório. Mas, na corrida, a coisa é diferente. Nos últimos anos, já vi muitos jovens surpreendentes nos treinos e depois, na corrida, após dez voltas estavam fora das competições porque não tinham mais pneus. E eles eram muito rápidos, mas utilizavam demais os carros, os pneus e gastavam gasolina demais. A corrida é muito mais técnica: não é só questão de atacar com a cabeça baixa. Não é tão fácil assim”.

Quais são os jovens pilotos mais interessantes hoje?
“Mhhh... Max Verstappen, inexperiente em 2015, fez uma temporada muito legal. Também o companheiro dele, Sainz, foi muito bem. Entre os mais jovens, mas que tem um pouco mais de experiência, apontaria Ricciardo, um ótimo piloto. E também meu companheiro, Bottas: rápido, forte e competitivo”.

Jovens talentos no Brasil hoje?
Não sei quem poderia ser o campeão brasileiro do futuro. Há o filho mais novo do Nelson Piquet, Pedro: ele ganhou tudo na Fórmula 3, na nossa casa, ele ganhou dois títulos. Ele é muito bom: agora, veremos como irá na Europa. Este será um exame muito importante: poderemos entender se estará maduro para a Fórmula 1®”.

Como é o restante do panorama automobilístico no Brasil?
“A Stock Car é o campeonato mais importante no país. Há muitos pilotos eficientes, o nível é elevado, também se comparado a outras competições internacionais. Vocês as conhecem: os pneus são todos Pirelli. Acho que, por um tempo, será a única competição interessante: o Brasil está vivendo um período econômico nada fácil, não é o ambiente ideal para fazer crescer um esporte como o automobilismo. Eu o sei bem: fiz começar a Fórmula Future, mas não havia pilotos suficientes. Uma pena, porque os carros eram interessantes, o campeonato era um dos menos custosos do mundo”.

2016: Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro.
“Ah, eu gostaria muito de ir. Eu nunca vi uma Olimpíada. Eu amo o esporte. Eu gosto da mentalidade que está por trás de uma manifestação desta magnitude, assim internacional e aos olhos do mundo. Seria legal se o Brasil conseguisse organizar um evento bacana. O lugar é o mais bonito do mundo: espero que a organização seja do mesmo nível. Não é fácil para nenhuma nação. Eu espero, de verdade, que consigamos mostrar ao mundo como se faz algo de maravilhoso. Realmente desejo que mostremos ao mundo algo bonito”.